A participação das mulheres na política é essencial não apenas para garantir a igualdade de gênero, mas também para fomentar um ambiente social mais justo e transformador. Apesar de muitas conquistas, ainda há desafios estruturais que impedem a plena participação das mulheres na vida pública. Esses desafios envolvem não apenas questões econômicas e sociais, mas também a redefinição do papel das mulheres na política. Para que as mulheres ocupem espaços de poder, é necessário garantir condições adequadas que vão desde a valorização do trabalho feminino até políticas públicas que permitam uma conciliação saudável entre a vida privada e profissional.
O cuidado, o trabalho e a luta das mulheres têm sido fundamentais para a construção da sociedade, mas o reconhecimento dessa contribuição ainda é escasso. Quando falamos de mulheres na política, estamos discutindo como essas condições impactam a participação delas em processos decisórios, onde suas vozes e ações podem transformar a realidade. A sociedade ainda impõe barreiras para que as mulheres possam acessar esses espaços, muitas vezes subestimando a importância de um olhar feminista sobre as questões sociais, econômicas e políticas.
A desigualdade de gênero nas esferas política e econômica está profundamente enraizada na sociedade brasileira. A mulher trabalhadora, por exemplo, recebe salários inferiores aos dos homens, além de enfrentar uma carga desproporcional de trabalho não remunerado. O trabalho doméstico e o cuidado dos filhos, atividades essenciais para a manutenção da vida, ainda recaem principalmente sobre as mulheres. Esse cenário precisa ser transformado para que as mulheres possam conquistar sua autonomia e, consequentemente, ocupar posições de liderança política.
A falta de políticas públicas eficazes, como creches acessíveis e suporte para a maternidade, é um dos maiores obstáculos à participação das mulheres na política. Muitas mulheres são forçadas a abandonar seus empregos para cuidar de seus filhos ou, quando optam por não abrir mão da carreira, enfrentam uma sobrecarga de responsabilidades. Esse cenário evidencia como a sociedade ainda não reconhece adequadamente o trabalho reprodutivo, o que impede as mulheres de dedicarem mais tempo à militância e à participação política. Portanto, é fundamental criar um ambiente onde o trabalho de cuidado seja valorizado e as mulheres possam atuar de forma plena e sem obstáculos.
As mulheres negras, em particular, enfrentam uma realidade ainda mais desafiadora. Elas não apenas ganham menos do que os homens, como também são sobrecarregadas com o trabalho doméstico. Essa dupla jornada de trabalho compromete seu tempo e sua energia, tornando ainda mais difícil sua participação ativa na política. Para garantir que as mulheres negras possam ocupar esses espaços, é preciso, portanto, repensar as políticas públicas e implementar ações afirmativas que considerem as especificidades das mulheres negras e periféricas.
Além disso, a maternidade, em muitas ocasiões, é vista como um obstáculo à participação política das mulheres. A falta de suporte para conciliar o cuidado com a atividade política faz com que muitas mães se sintam excluídas do debate público. As políticas de apoio à maternidade, como licenças parentais ampliadas e creches públicas com horários acessíveis, são fundamentais para garantir que todas as mulheres possam participar de forma igualitária. O empoderamento feminino passa por essa estrutura que possibilite às mulheres exercerem seus direitos sem ter que abrir mão de sua maternidade ou de suas aspirações políticas.
A luta por condições adequadas para a participação política das mulheres não deve ser encarada como uma questão secundária. Ela precisa ser central no debate político e nas pautas de movimentos feministas. A igualdade de condições para mulheres no mercado de trabalho, o reconhecimento do trabalho doméstico e o cuidado como funções sociais essenciais são passos fundamentais para que as mulheres possam contribuir para a política de maneira mais igualitária. Essas mudanças são essenciais para promover uma sociedade mais justa e representativa.
Por fim, é essencial lembrar que a luta feminista deve estar alinhada com a luta coletiva e popular. O feminismo não pode ser um movimento que vise apenas ascensões individuais de mulheres, mas sim uma transformação estrutural que envolva todas as esferas da sociedade. Para que a condição da mulher trabalhadora seja transformada, é preciso uma ação política conjunta que leve em consideração as necessidades das mulheres em sua totalidade: desde a valorização do trabalho reprodutivo até a criação de políticas públicas que favoreçam sua plena participação na política e no mercado de trabalho.
A política precisa ser pensada e estruturada de forma inclusiva, garantindo que as mulheres possam, de fato, participar ativamente das decisões que moldam o futuro da sociedade. A luta pela igualdade de gênero é, portanto, uma luta pela transformação de todos os aspectos da vida social, política e econômica, e a participação das mulheres na política é um passo fundamental nesse processo.
Autor: Alexey Popov
Fonte: Assessoria de Comunicação da Saftec Digital
